Este sítio está cheio de ti. Para onde quer que olhe vejo o teu sorriso, sinto as tuas mãos, oiço um sussurro teu no meu ouvido. Para onde quer que olhe vejo pedaços de ti.
É como se nunca tivesses partido. Aqui, tudo continua como antes. Tenho os livros que me deste na estante mais perto da minha cama, ainda uso a agenda que me ofereceste, escrevo nos moleskine que me compraste, e o puzzle que me ofereceste no meu último aniversário continua espalhado na mesa do meu escritório.
Nada mudou aqui e eu aprisiono-me, inconscientemente, neste falso conforto, fingindo que tudo continua igual. Agarro-me a estes pedaços teus, completo-os com memórias nossas e, por um momento de ilusão, acredito que, na verdade, nada mudou.
Mas mudou. Tudo mudou.
[É altura de eu largar esta apatia
e acompanhar a mudança]
Hoje é o último dia que me sento à frente daquela imagem em pedaços e tento encaixar mais uma peça. Aquela imagem não vai voltar a ser inteira.
Um todo não é apenas a soma das partes e os pedaços que ainda guardo de ti, não te vão trazer de volta.